PERIÓDICO DE DIVULGAÇÃO DO ESPIRITISMO PRÁTICO
Sobre Jesus e o Espírito de Verdade
01 / DEZEMBRO / 2021

Sobre Jesus e o Espírito de Verdade

 

   Em sua última sessão antes das férias de dezembro de 2016, um grupo espírita evocou alguns Espíritos para que lhes falassem sobre Jesus e o Espírito de Verdade. Um deles foi o Espírito de Bertrand Russell, a quem foram dirigidas inicialmente as seguintes palavras:

   Sr. Russell, conhecemos o seu discurso pronunciado em 1927, intitulado "Por que não sou cristão", no qual o senhor expõe seus argumentos para justificar sua posição com relação à não crença em Deus e a não aceitação de vários ensinos de Jesus. Desejamos conhecer o seu pensamento atual a esse respeito, então formulamos algumas questões e lhe pedimos que tenha a bondade de responder, para a nossa instrução.

   1. Poderia falar-nos sobre como o senhor percebe hoje o papel de Jesus, o Cristo?
   2. Como entende o papel do Espírito de Verdade, que é o próprio Cristo, para a Humanidade terrena?

   Eis a resposta:

   "Amigos,

   Quando despertei do sono de meus preconceitos terrenos, pude compreender o papel do Cristo, que hoje vejo como o maior sábio que a Humanidade já recebeu em seu seio.

   Jesus foi o clarão matinal que, antes rejeitado por mim, confundiu o meu espírito e retirou a minha paz; entendo hoje que Jesus é o arquétipo de perfeição a que os homens podem aspirar, e que sacudiu, numa breve existência, toda a Humanidade, deixando um legado que atravessa os milênios.

   Quando foi que percebi que suas promessas eram a expressão da verdade? Foi quando, pela morte, tornei-me alma sem corpo. Fui a demonstração da coisa realizada, e pude constatar que toda a doutrina de Jesus, que na Terra me parecera tão absurda, tinha seu fundamento em verdades que até então tinham me escapado: a imortalidade da alma, a reencarnação, a migração para mundos superiores. Compreendi, assim, as bem-aventuranças; aprendi a rezar a Oração Dominical com humildade, e tornei-me discípulo dos que compreenderam as lições de Jesus muito antes de mim.

   Respondendo a outra pergunta que me dirigem, penso que o Espírito de Verdade tem o papel de explicar o sentido profundo dos ensinos do Cristo, desvelar a sabedoria contida nas alegorias, mas também despertar as consciências obtusas, imprimindo direção nova ao progresso de indivíduos e instituições, por meio do Espiritismo.

   Vejo, aqui nesta reunião, se movimentarem Espíritos de todas as ordens, desde os mais imperfeitos aos mais superiores, e acima de todos, iluminando os espaços em que estamos imersos, está o Espírito de Verdade; vejo que ele preside um conjunto imenso de trabalhos, mas também está aqui, entre nós. Seu desejo é ver o avanço de toda a Humanidade, e seu papel é, em suma, o de maestro de todo o conjunto, para que a harmonia dos esforços se estabeleça e todos caminhemos, cada um de acordo com as suas possibilidades, sob a sua condução.

   Eu o vejo, com seu terno olhar, convidando-nos a segui-lo. Vou ter com ele, amigos, para que eu possa me instruir sobre como livrar-me de minhas imperfeições e tornar-me mais útil ao conjunto da obra de regeneração iniciada com o advento do Espiritismo. Se desejarem, poderei voltar para compartilhar as minhas impressões e o que eu pude aprender.

Russell
(Psicografada em 06 de dezembro de 2016.)

 

Sobre Jesus

 

   Outro Espírito evocado foi Chico Xavier, a quem foram feitas as seguintes perguntas:  

   1. Poderia nos falar de como entendia Jesus, quando no corpo, e como o entende agora, como Espírito?
   2. Viu Jesus logo que deixou o corpo físico?

   3. O senhor o vê agora em nosso meio? Se vê, poderia nos dizer como o percebe?

   Eis as respostas:

 

   "Estou aqui novamente, amigos, feliz por esta oportunidade que Deus nos oferece.

   Quando eu estava no corpo, eu via Jesus como uma estrela de primeira grandeza, que iluminava homens e Espíritos, mas que estava a milhares de anos-luz de distância de nós; esta ideia foi-nos ensinada em nossa última existência desde cedo, através do ensino religioso de outrora, e depois que começamos a nos dedicar à mediunidade, Espíritos religiosos vinham reafirmar os nossos preconceitos relativos a este ponto, o que não questionávamos, porque tais ideias estavam assentadas em nossa alma. Eu julgava que Jesus amava a humanidade, mas não me dava conta que atribuía a ele algumas das características que vemos em muitos dos poderosos da Terra: são de difícil acesso pelo homem mediano; aparentam ser muito ocupados, e por isso não podemos nos relacionar com eles de uma forma direta senão mediante muitos esforços e alguns intermediários. Na verdade, eu não havia compreendido as lições que estão presentes na tradição evangélica, especialmente a de que Jesus não nos deixaria órfãos, assim como a de que ele sempre estaria com aqueles que o chamassem, desde que não estivessem esquecidos do amor ao próximo.1

   Hoje, ainda vejo Jesus como uma estrela, mas entendo que se há uma gigantesca distância que nos separa da posição dele na hierarquia, não é por esta razão que ele está distante, pois, como vocês sabem, seu fluido perispiritual se expande e irradia com perfeição, alcançando Espíritos e homens com um alcance que eu não saberia precisar com exatidão. Eu o vejo hoje, acima de tudo, como um irmão mais velho e mais maduro que quer nos ensinar a caminhar para a casa do Pai. 

   Eu não vi Jesus logo depois que morri porque não cogitava, em absoluto, dessa possibilidade, mas se os preconceitos não tivessem sido um empecilho tão grande, eu o teria buscado imediatamente pelo pensamento. No entanto, esse encontro foi adiado por algum tempo, até que eu pudesse passar em revista as minhas ideias preconcebidas. Aprendi que todos podemos vê-lo, tocá-lo, aprender com ele, e que ele não se nega jamais a estender a mão e nos socorrer da nossa imensa ignorância.

   Vejo Jesus aqui, em nosso meio, olhando por todos; vislumbro um rosto iluminado, mas não consigo capturar as nuanças da sua face. Contudo, diviso o seu olhar, tão terno e tão doce... Seus olhos denotam uma serenidade inalterável, e são mais belos do que o mais deslumbrante por-de-sol. De seu corpo espiritual saem luzes que ele transmite a todos os que desejam o bem, comunicando-lhes a sua virtude e cuidando para que a sua semente alcance o solo profundo dos corações de boa vontade. É belíssima a visão, amigos, e devo dizer que todos os que aqui estamos, diante dele nos curvamos com amor e reconhecimento, porque sua presença inspira a piedade e uma profunda reverência. Que Jesus seja o farol onde todos repousemos as nossas vistas, aproveitando-nos das suas luzes para caminhar pela boa via que ele nos indica. 

   Recebam um abraço deste que se sente muito grato por estar no meio a vocês. Reconheço que não estou à altura para responder com proveito a perguntas tão sérias, e por isso peço que desconsiderem qualquer equívoco que eu possa ter até agora cometido."2

 

Chico Xavier
(Psicografada em 06 de dezembro de 2016.)

 

Comunicação espírita - A propósito do Imitação do Evangelho

(Bordeaux, maio de 1864. Grupo São João. - Médium, Sr. Rul.)

 

    "Um novo livro acaba de aparecer. É uma luz mais brilhante que vem clarear a vossa marcha. Há dezoito séculos vim, por ordem de meu Pai, trazer a palavra de Deus aos homens de vontade. Essa palavra foi esquecida pela maioria, e a incredulidade, o materialismo vieram abafar o bom grão que eu tinha depositado em vossa Terra. Hoje, por ordem do Eterno, os bons Espíritos, seus mensageiros, vêm a todos os pontos da Terra fazer ouvir a trombeta retumbante. Escutai suas vozes; elas são destinadas a mostrar-vos o caminho que conduz aos pés do Pai celeste. Sede dóceis aos seus ensinamentos; os tempos preditos são chegados; todas as profecias serão cumpridas.

   Pelos frutos se reconhece a árvore. Vede quais são os frutos do Espiritismo: casais onde a discórdia tinha substituído a harmonia voltaram à paz e à felicidade; homens que sucumbiam ao peso de suas aflições, despertados pelos acordes melodiosos das vozes de além-túmulo, compreenderam que seguiam por um caminho errado e, envergonhados de suas fraquezas, arrependeram-se e pediram ao Senhor a força para suportar suas provações.

   Provas e expiações, eis a condição do homem na Terra. Expiação do passado, provas para fortalecê-lo contra a tentação; para desenvolver o Espírito pela atividade da luta; para habituá-lo a dominar a matéria e prepará-lo para os prazeres puros que o esperam no mundo dos Espíritos.

   Há várias moradas na casa de meu Pai, disse-lhes eu há dezoito séculos. Estas palavras, o Espiritismo veio fazê-las compreendidas. E vós, meus bem-amados, trabalhadores que suportais o calor do dia, que credes ter que vos lamentar da injustiça da sorte, bendizei vossos sofrimentos; agradecei a Deus, que vos dá meios de resgatar as dívidas do passado; orai, não com os lábios, mas com o coração melhorado, para vir ocupar melhor lugar na casa de meu Pai, porque os grandes serão humilhados, mas, como sabeis, os pequenos e os humildes serão exaltados."

O Espírito de Verdade

"OBSERVAÇÃO: Sabe-se que assumimos menos responsabilidade pelos nomes quando pertencem a seres mais elevados. Não garantimos mais essas assinaturas do que muitas outras, limitando-nos a entregar tal comunicação à apreciação de cada espírita esclarecido. Contudo. diremos que não é possível desconhecer nela a elevação do pensamento, a nobreza e a simplicidade das expressões, a sobriedade da linguagem, a ausência de superfluidade. Se ela for comparada com as que foram inseridas na Imitação do Evangelho (prefácio e cap. III: O Cristo Consolador), e que levam a mesma assinatura, posto obtidas por médiuns diferentes e em épocas diversas, nota-se entre elas uma analogia marcante de tom, de estilo e de pensamentos, que acusa uma origem única. De nossa parte, dizemos que pode ser do Espírito de Verdade, porque é digna dele, ao passo que temos visto muitas assinadas por este nome venerado ou o de Jesus, cuja prolixidade, verbiagem, vulgaridade, por vezes mesmo a trivialidade das ideias, traem a origem apócrifa aos olhos dos menos clarividentes. Só uma fascinação completa pode explicar a cegueira dos que se deixam apanhar, se não também o orgulho de julgar-se infalível e intérprete privilegiado dos puros Espíritos, orgulho sempre punido, mais cedo ou mais tarde, pelas decepções, pelas mistificações ridículas e por desgraças reais nesta vida. À vista desses nomes venerados, o primeiro sentimento do médium modesto é o de dúvida, porque ele não se julga digno de tal favor." Allan Kardec3

 

__________

1 "Onde quer que se encontrem duas ou três pessoas reunidas em meu nome, aí estarei com elas." (Mat. XVIII, 20).

2 O grupo havia evocado esse mesmo Espírito várias vezes para instruir-se sobre algumas questões a respeito da mediunidade, do perispírito e de outros assuntos. É a isso que ele se refere.

3 Revista Espírita, dezembro de 1864 - Comunicação espírita - A propósito do Imitação do Evangelho, segundo o Espiritismo. (Kardec publicou depois essa, revisada, corrigida e aumentada, e deu-lhe o título de O Evangelho segundo o Espiritismo.)

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